sexta-feira, 24 de julho de 2009

Assembleia da COIAB - Aldeia São José - Montes Altos - Maranhão!

Árvore que marca o centro da aldeias São José

































































Participar
como convidada do grande momento político para os povos indígenas da Amazônia Brasileira, me encheu contentamento. Ao adentrar a aldeia São José, outro mundo encheu meus olhos. A forma tranquila de viver, a arquitetura na construção da aldeia de forma circular,a receptividade dos anfitriões. Rever meus amigos Lourenço Krikati, o professor e indigena Raimundo Krikati, sua esposa Lucia, Valdiniz Krikati, os mais velhos da aldeia, a grande quantidade de crianças que ali se faziam presentes algumas correndo entre os participantes da assembléia, outros nas tipóias carregadas pelas suas mães e por seus pais. Me certificando que há mesmo muitas momentos são singulares. A exemplo deste. A tiracolo, levei também minha cria, Bebel. ambiente para ela familiarizado.


Onde aconteceu?

A aldeia São José do Povo Krikati, muncipio de Montes Altos no Estado Maranhão, recebeu e acomodou um grande contingente de povos indígenas para a IX Assembléia Geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira COIAB – que engloba 75 organizações membros, oriundas dos nove estados da Amazônia Brasileira ((Amazonas, Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins); a organização indígena abarca uma parcela de 60% da população indígena de todo o Brasil, numa somatória de 430 mil pessoas. Para o grande encontro fizeram-se presentes os seus representantes legais, entre eles destacamos a presença do Coordenador geral da COIAB Jecinaldo Sateré Mawé; Lourenço Krikati representante da Coordenação das Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (COAPIMA); delegados eleitos nas bases; bem como a presença da autoridade máxima local o Cacique José Krikati.
A grande reunião dos povos indígenas ali presentes registrou momentos singulares, a exemplo do III Encontro de Mulheres indígenas da Amazônia, que ocorreu na véspera da assembléia, “no qual foi definida a criação de uma organização autônoma de mulheres, que atuará de forma independente, em estreita parceria com a COIAB, e que foi denominada União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira – UMIAB.”( http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=320446) Festejado por todos e todas dignas de festa como assim fizeram o povo krikati, para a nova coordenação da UMIAB.

A grande Assembleia elegeu a nova coordenação da COIAB, essa assembléia aprsenta uma particularidade elegendo uma mulher como Vice-coordenadora, a representante do povo Guajajara Sonia Bone, os povos indígenas do Maranhão manifestaram seu contentamento, festejando com todos os presentes a grande conquista. O encontro também avaliou avanços e dificuldades encontradas pela instituição que representa os 160 povos indígenas, cada um com suas particularidades espalhados nas 110 milhões de hectares de terras amazônicas. Outro ponto importante tratado na Assembléia foi a revisão do estatuto que rege a entidade.

Como foi?

O encontro sucedeu clima de alegria e o povo Krikati, recepcionou os presentes com grandes momentos festivos, convidando também outros povos que ali se fizeram presentes para manifestarem seu contentamento com apresentações culturais. Entre outros o povo Karajá, registrou presença com uma comitiva de jovens, que confirmaram o repasse e aprendizado da cultura Karajá para as novas gerações.


Eu e Isabel nos aproximamos de um grupo jovem ali presente: era o povo Karaja, lindos e simpáticos irradiavam alegria, nos fotografamos, e um logo disse que autorizava a postagem no orkut, o que serviu para facilitar nosso pedido, sim a maiorias dos jovens Karajas ali presentes tem sim o a pagina do Orkut. Garantindo que não mais perderemos o contato com o grupo.Mantendo assim, um contato possível com outras culturas também. O grupo estava composto com sua indumentária de festa, e ficamos atentas para a apresentação, uma dança que as mulheres não participam.

















Para os não indígenas, os momentos se intercalaram entre políticos e culturais, no entanto a manha do dia 24 registra-se um momento peculiar: O batismos dos eleitos para a nova Coordenação da COIAB, que a partir deste momento receberam nomes de antigos guerreiros Krikatis, tornando-os também guerreiros daquele povo, levando consigo energias positivas para a grande responsabilidade que cada um recebera, na representatividade da mais importante organização indígena do Brasil.


Quem estava lá
?


Os novos rostos que surgiam a minha frente, demonstrando a diversidade de identidades e culturas diferentes. A Juventude indígena, convidados de outros povos ou a juventude Krikati, que ali estava responsável pelo bom andamento d o encontro. Servindo água, café e cuidando dos impecáveis banheiros disponíveis para a grande quantidade de participantes da Assembléia. Como é bom ver isso, povo organizado em busca de seus direitos. Como é péssimo saber que para ter nossos direitos respeitados precisamos nos dividir como povos. Sempre que eu ouvia alguém se referir ao homem branco eu ficava meio perdida querendo mesmo ter certeza a qual povo eu pertenço, de que cor eu sou, e qual cor terá os meus descendentes.
Mesmo assim, meio perdida com a minha identidade cultural, foi para mim um momento impar assistir e participar do grande encontro politico e cultural dos povos que eu prefiro chamar de grande festa dos verdadeiros povos amazônicos.


Outros momentos:








segunda-feira, 20 de julho de 2009

22 anos de Vila Conceição!! FESTA!

























Uma festa!!!!


Isso mesmo, uma festança!!!



Nem o tardar da hora com a boquinha da noite se aproximando, minha moto com farol aluminado só pra cima, não me impediu de estar presente na festança da Vila Conceição, comunidade rural que eleva consigo o nome do líder camponês maranhense Mané da Conceição, homenagem dos trabalhadores rurais que ali se instalaram alcerçados na força de um pequeno grupo, liderado por este trablhador rural.

Ta certo que lá nos registro do Incra, chama-se Projeto de Assentamento Itacira I e II., dificil mesmo é encontrar algum morador que tenha lembrança dessa denominação para o cotidiano da comunidade rural.
Não fica tão distante de Imperatriz, mas cronometrando de minha casa até a vila I, bateu 36 quilômetros entre um ponto e outro, mas e daí?

Com medo (digo, PAVOR) de ir sozinha atraquei meu vizinho o Eiderson "Cabecinha" na garupa de minha Ceiça, extenção de meu corpo, quase o que poso chamar de pernas, afinal velha, vermelha e ralada a BRÓS/ 2004 nunca me deixou na mão, no chão sim é uma verdade. No entanto é sempre com ela que eu me desloco aos mais distintos e distantes lugares.

Assim saímos, as 17;30 hs infelizmente na hora preferida dos mosquitos saírem a caça de olhos, e sem duvidas encontraram os meus a certa altura da BR 010, quanto mais rodávamos mas nos rondava a sensação de termos nos perdidos pelo caminho.

Na certeza de conhecer bem a estrada, já nao contava mais com a luz do sol pra ajudar entramos à esquerda da rodovia, adentrando a estrada vicinal que liga as duas comunidades à Belém Brasiliazona, que é cortada pelo riacho Cinzeiro, logo no primeiro quilometro, tem uma ponte recém construída: cimento e ferro, mas que não agüentou ao primeiro inverno deixando de um dos lados da cabeceira da ponte uma cratera. Desconhecendo o buraco mergulhamos no escuro, eu, eiderso e a Ceiça resultando numa baita queda.

Com mais medo do que dores, um baita hematoma roxo na minha perna esquerda e os pelos do braço de meu companheiro Eiderson arrancado sem tempo para gemidos ou reclamações, erguemos a velha BRÓS/2004 certificamos que o motor estava em perfeito funcionamento , mas o farol agora completamente pra cima, sacudimos a poeira na certeza de somente sete quilômetros nos distanciar da comunidade, e lá fomos nós!

Gastamos um bom tempo para alcançar as casas que surgiram aos nossos olhos com a sensação de alívio e felicidade de se chegar ao destino traçado. Pronto!!! A Vila, o povo, o carinho, tudo para recepcionar quem chegava já pelas horas iniciais da noite.

Assim como nós muita gente deixou para chegar a noitinha. Recebemos a senha para o jantar e alojamento em uma das casas da comunidade. Escolhemos a casa da Querubina, uma quebradeira de coco babaçu nossa conhecida de longas datas, motivo de nossa aproximação com a comunidade.

Nada mais nos faltou quando adentramos a comunidade, que já estava em clima de festa, já era de nosso conhecimento a programação do folguedo desde as primeiras horas da manhã, quando a festança se iniciou com a santa missa rezada pelo bispo de Imperatriz, Gilberto Pastana. Um farto almoço já tinha sido servido para quem chegou à comunidade em horas de sol. O torneio de futebol anima as horas da tarde.

Os chegantes, das comunidades adjacentes das comunidades da Estrada do Arroz marcaram presença bem como comitivas de localidades mais distantes, inclusive pessoas de outros estados. Residem nessa comunidade, uma ala jovem que se destacam na luta e valorização da terra, entre eles Letícia e André, os filhos de Luis e Penha, que irradiam a comunidade com suas belezas e simpatia. Também outros jovens com Antonia Querubina, atual coordenadora do Movimento das Quebradeiras de coco babaçu.

A festa é continua, o conjunto de Levi e Banda, se prepara para animar o baile logo depois das falações das lideranças da comunidade de e alguns convidados, para a festança desse ano contou com a presença do Prefeito Madeira e do ex-governador Jakson Lago, entre outras autoridades. Mas a festa é mesmo do povo, feita pelo povo, organizada pelo povo. Um momento esperado da festa é o discurso emocionado do assentado ilustre, Valdinar Barros que em sua fala relembra momentos especiais da comunidade, momentos difíceis, grandes vitórias que arranca aplauso do povo em gesto de concordância. Ao encerrar o discurso inicia-se um foguetório, logo em seguida o baile dançante, levanta ate os defuntos.

Finaliza-se com a chegada da madrugada. A ultima musica do grande baile é uma valsa, outro discurso de encerramento agora já de agradecimento pela tranqüilidade que tudo discorreu, arranca novos aplausos, a grande maioria dos presentes formam seu pares para se despedir da banda. Somente da banda. Haja vista que muita gente espera o sol raiar pra tomar a saideira.

Outros tantos pelas altas horas do meio dia, ainda permanecem nos bares da comunidade curando a ressaca com outras e comentando a festança, o cheiro de churrasco nos quintais registra que ainda tem festa para mais um dia, agora de forma mais privativa, mas bastante coletiva.

Antes de alcançar a hora dos mosquitos novamente deixei a comunidade, na certeza que já tenho agenda para julho de 2010, para o retorno é minha amiga Márcia que me faz companhia, já que o meu companheiro de vinda teve que voltar de ônibus pelo fato de não conseguir equilíbrio suficiente para se segurar na garupa da minha velha e ralada Ceiça. Quem adivinha o motivo?

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Reserva Extrativista do Ciriaco: Os extrativista e a nova economia do babaçu


Já fizemos as bodas de menina moça da Resex Ciriaco, e contamos mais dois anos depois da grande festa de seus 15 anos. Com seminário de discussão, missa, culto, torneio de futebol, muído no mastigado da jumenta e outras coisitas mais.
Hoje falo com intimidade de um lugar onde somente quatro anos atrás, nada mais era do que um espaço que eu imaginava ter coco babaçu reflorestado a mão, já que se tratava de uma reserva de babaçu.
No entanto, logo na primeira visita, percebi que não se passava de um povoado comum da zona rural maranhense. Mas como assim? Se esse lugar agrega tantos olhares, como vê-lo assim tão comum a ponte de confundir-se com qualquer outra agremiação camponesa.
É necessário dizer que ali, não cheguei de pára-quedas, foi a quebradeira de coco Maria Querubina ( Coordenadora do MIQCB) que me apresentou à comunidade, e ao IBAMA, que gerenciava de forma direta a Unidade de Conservação Federal. Na Modalidade de Reserva Extrativista.
O que justificou minha presença na comunidade era um trabalho de pesquisa o que resultaria em uma simples monografia de um curso de educação. (hoje já concluído)
Conquistei meu passe livre o que me permitiu conviver com todas os moradores da comunidade, no coletivo, em particular, em pequenos grupos, ou ainda só nas minhas longas observações solitárias.
A comunidade, exibe no seu centro, a Escola Municipal Santa Teresa, (Meu objeto de estudo), um posto de saúde, agora dois telefones coletivos os famosos orelhões que funcionam conforme o tempo, um campinho para os torneios de futebol, a igreja católica, um templo para os evangélicos da Assembléia de Deus, outro templo para a comunidade adventista, na qual congrega seu Antonio Crente e seus descendentes todos, o que totaliza pouco mais de meia centena de convertidos à essa crença.
Uma quitandinha de piso branco vende sandálias que imitam havaianas, perfumes baratos, fumo maratá, carregos para lanternas entre outras bugigangas, (não me lembro de ter visto camisinha). No entanto trata-se do comercio local que abastece a comunidade que por sua vez, na sua maioria compra tudo fiado pra pagar no fim de mês com a aposentadoria, ou a bolsa família.
O pouco coco extraído pelas quebradeiras de babaçu, também é repassado ali mesmo no comercio local, no bar de seu Mundico. Aliás, seu Mundico, que perdera a perna muito recentemente em um acidente automobilístico, atende todos com um sorriso no rosto e serve a cerveja mais gelada do povoado.
Os bares são os principais pontos de encontro da ala masculina, nos fins de tarde enquanto as poucas quebradeiras de coco retornam para suas casas para fazerem seus jantares e assistir a novel das seis, os homens já estão quase todos de banho tomados e degustando uma amargosa, jogando suas partidas de bilhar esperando pacientemente a hora do jantar. Com um publico massivamente masculino, saíam conversas de todos os tipos, não hesitei em freqüentar constantemente esse espaço social da comunidade, nem sempre fui vista com os melhores olhos mas fui sempre muito bem recebida entre eles.
Dos poucos bares na comunidade destaca-se o mais recente empreendimento comercial às margens do Andirobal, ergueram uma choupana coberta de babaçu, evidentemente. E batizaram com um nome bastante sugestivo: “ Mastigado da Jumenta” não houve explicação para o nome, e tornou-se lugar referencia para as serestas em tempos de veraneio. Um receita de peixe frito de fazer padres pecar é servido com um baião de dois e uma pimentinha in natura. O visitado bar pertence ao clã “COLODINOS” ah! Os Colodinos fazem parte da maior família da comunidade.
Não foram os Colodinos que assituaram o Povoado, mas se destacaram em números e do morador sitiante que rompera as matas fincando as primeiras estacas da primeira moradia, ficou o nome da comunidade e que hoje também nomeia a Unidade de Conservação Federal, com uma área geográfica de 8.114 hectares que engloba ainda três povoados distintos: Centro do Olimpio, Alto Bonito e Ciriaco sendo este ultimo o que é centro da Reserva de Ciriaco onde exibe ali um marco natural, uma exuberante e solitária árvore de Axixá, no centro da reserva de babaçu. Ali mesmo onde está plantado o axixá, também está a sede da ATARECO – a associação dos extrativista de Ciriaco.
Extrativistas? Ah, como poderia esquecer de mencioná-los? Uma das exigências para uma localidade torna-se Reserva Extrativista, è que sua população deve ser extrativista, pois é. No caso de Ciriaco esse foi a principal justificativa, acrescido ao bioma babaçu, e sua população tradicional extrativista, o problema é tu encontrar em Ciriaco aquela demanda de quebradeira de coco, agora elas são tão poucas que podem ser contabilizadas em menos de uma centena.
Chamo atenção para a reserva e preservação dos cocais, eles estão lá de pé. O babaçu abunda em Ciriaco, só falta ali quebradeira, o que justifica a ação dos carvoeiros que trabalham de sol a sol para carbonizar o maior numero de sacas de babaçu com amêndoa, mesocarpo e casca, ou seja, o coco é queimado inteiro. Toda demanda de carvão de coco inteiro abarrotam as carretas que por sua vez, são abastecidas em frente a sede da associação dos extrativista sob os olhos de quem ali passar pra ver. Ou sentar pra assistir, meia dúzia de homens em sua negritude total resultado do pó do carvão que carregam sobre seus ombros traçam um vai-e-vem frenético no rápido abastecimento da carga.

terça-feira, 7 de julho de 2009

AH, Cavalgada









Tudo abaixo escrito, já está postado em outro blogger. No entanto diz tudo que eu penso e gostaria de dizer também, sobre esse evento que ocorre nas ruas da cidade princesa, com nome de IMPERATRIZ...



bosta verde sobre superfície negra



Fim de férias. Acabou a minha vidinha boa – sapo caiu na lagoa – de beber em plena segunda, acordar ao meio-dia e ficar assistindo ao Difusora Repórter com a Luzia Sousa e o seu "eu e você no SBT". Acabou-se. This is the end, beautiful friend. Já recebi até telefonema da Guarda Mirim me informando que estou escalado pra trabalhar na "nãoseiquegézima" Cavalgada de Imperatriz. O grande evento anual dos ruralistas, abertura da Expoimp, momento em que mauricinhos e patricinhas alugam carroças no Mercadinho pra encher a cara de Heineken enquanto são puxados por jumentos velhos de guerra do centro da cidade até o Parque de Exposições. A nata imperatrizense no seu dia glamouroso de Cheira-Peido, posando pra câmeras de 200 mega-pixels em cima das carroças enfeitadas pra depois criar álbuns no Orkut e esperar os comentários virtuais dos amiguinhos da Itz, da Texana, do Gatinhos.É uma dor de cabeça essa Cavalgada. Não só pra nós, da Guarda Mirim, que temos que chegar cedinho pra interditar as ruas, mas para a própria cidade, que literalmente "trava" durante o evento. Se no próximo sábado pela manhã um sujeito comprar um frango no Braseiro do Gaúcho e quiser retornar para a sua casa, no Bacuri, ele não conseguirá, porque será impossível cruzar a cidade - a avenida Getúlio Vargas - de um lado para o outro. A hora do almoço vai passar, o frango vai esfriar, e o máximo que ele vai conseguir é ficar parado num cruzamento. Depois o saco dele vai encher – com razão – e ele vai buzinar feito um louco e mandar o guarda que tá interditando a rua – eu, o filho da puta – tomar no cu. Mas o problema não somos nós, os guardinhas. O problema é essa Cavalgada de merda.Há cinco anos eu sinto isso na pele. Por morar no Conj. Vitória, tenho que fazer o mesmo percurso da Cavalgada pra chegar em casa. Apesar disso, os sacanas da Guarda sempre me escalam nas proximidades do entroncamento, um dos últimos pontos de interdição. Como só posso ir embora quando o último cavalo passa cagando, então é batata: mesmo que eu fure sinais, avance preferenciais, corte por dentro do Bacuri, quando eu chego perto da ponte do Cacau a maldita Cavalgada já está por lá, atravancando o meu caminho. Como não sou passarinho, tenho que reduzir a moto pra primeira marcha e seguir atrás dos animais durante uns quarenta minutos, até que, na entrada do Parque de Exposições, finalmente a BR é desobstruída e eu consigo acelerar pro caminho de casa. Nesses cinco anos, só houve uma vez que alguém se apiedou de mim. Sabendo que eu ficaria preso atrás de bípedes e quadrúpedes, um amigo - o Renan - me convidou pra matar esse tempo na casa dele, e almoçar por lá também. Almocei, conversamos, bebi café, fumei um cigarrinho e depois fui pra casa só no ponto de dormir.No caminho, perto da entrada do Parque, no acostamento da BR, entre bostas de jumento e latas de cervejas, vejo a cena que sempre me vem à mente nessa época de Cavalgada. À deriva no meio-feio, calçada com apenas umas de suas botas (perdera a outra?), tentando se levantar da sarjeta e principalmente do porre, vejo uma patricinha regurgitando debaixo do sol das três horas da tarde. Ao seu lado, algumas pessoas, não sei se rindo da situação ou tentando ajudá-la.Só me lembro mesmo de uma coisa. A de que mandei todos tomarem no cu. Claramente. Com o mega-fone do meu pensamento.

Postado por Luís Diniz às 17:17