segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Na terra de Cora Coralina



   

   Os vários sotaques falados por um grupo de alunos da Universidade Federal de Goiás, anunciam a diversidade de cultura presente no grupo. A turma alinhada por alunos oriundos dos movimentos sociais  de 19 estados do Brasil.  MST e Via Campesina (MPA, MABE de Alcântara-MA) e Movimento Sindical/CONTAG. compõe  “Turma Especial de Graduação em Direito para Beneficiários da Reforma Agrária, estendida aos Agricultores Familiares Tradicionais” -  I TURMA DE DIREITO – MST/VIA CAMPESINA - TURMA EVANDRO LINS E SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - Campus-Extensão Goiás-GOEntre esses registra-se a presença de José Ferreira Mendes Júnior - Júnior Mendes.







Embarquei em Imperatriz-MA com um convite para participar de um seminário em Brasília-DF.  Estiquei o trajeto da viagem por mais  320 km pelas rodovias que ligam Brasília-DF a Goiás Velho-GO, e valeu muito. Num dia claro e sem chuva, o lentíssimo ônibus da empresa Moreira me fez alcançar a cidade da poetiza Cora Coralina com sua inconfundível paisagem de cerrado brasileiro.



Eu iria um dia lá só para conhecer a Velha Casa da Ponte e beber da fonte de Cora. No entanto, o propósito da viagem deu-se para eu efetivar uma dessas promessas que é selada em mesa de bar. Dessa forma, fui visitar Júnior Mendes um paraíba-maranhense, assentado no P.A Califórnia de Açailandia – MA. Ser humano que eu me orgulho de ter conhecido. (através de Zé Luis)




Com “afeto e com carinho” cheguei e fui recebida, na cidade de Goiás, cidade que sediou por muito tempo a primeira capital do estado de Goiás. Sem demora, meu anfitrião apresentava-me cada espaço que meus olhos alcançavam do belíssimo conjunto arquitetônico barroco-colonial (século XVIII).  A beleza do antigo, presente em cada moradia que dão rosto a cidade. A cidade é poética, caminhantes tranqüilos dividem suas estreitas ruas calçadas de pedras com pombos que passeiam livremente.





Minha demora em Goiás Velho foi assim, quase uma visita de médica,  mas tempo suficiente para eu conhecer vários integrantes da turma “especial”  com destaque para os que residem na “Comuna  Mao Tsé-Tung” agremiação que também agrega Júnior Mendes – meu anfitrião – e guia turístico por dois dias. 



Em companhia de Júnior conheci parte da cidade, o Rio Vermelho que exibe a casa de Cora, alguns museus, dona Lurdinha moradora tradicional de Goiás, Chuluca um exuberante negro mestre de capoeira e também o professor Cleuton (UFG) entre outras pessoas e outros atrativos.



Entre o antigo e o presente me encantei com a beleza da rusticidade exibida nas peças de barro assado em forno de lenha e desponibilizada a venda numa das ruas centrasi da cidade ou no mercado misturadas entre bancas de frutas e verduras.



O  manejo da argila está na cultura da cidade desde tempos pretéritos, e vem sendo repassada de forma muito natural entre as gerações, movimento educativo que acontece através dos Griôs. O Griô é um caminhante, cantador, poeta, contador de histórias, genealogista, mediador político [...]a pedagogia griô que se inspira principalemente neste jeito de ensinar e de aprender que faz tantos saberes atravessarem séculos e séculos no ambienete de exclusão social, criando espaços de inclusão social e  re existência. fonte www.pontobrasil.org.br






Dona Rosangela, artesã local, diz ter aprendido o manuseio com o barro com sua mãe e já transmitiu a arte para seus filhos. No centro da sala composta por tantas peças feita uma a uma manualmente, está exposta um documento que reconhece dona Eva sua mãe, é originalmente reconhecida como uma importante Griô, da região.


Sem resistir, adquiro algumas peças de dona Rosangela para trazer ao Maranhão a arte viva do povo goiano e a lembrança de dias inesquecíveis para a história de minha vida. No final da viagem, a alegria de saber que todas as peças chegaram inteiras e ja enfeitam a minha sala.











domingo, 11 de outubro de 2009

Fogareiros II

Foto: Alexandre Almeida



teu corpo seja brasa
e o meu a casa
que se consome no fogo

um incêndio basta
pra consumar esse jogo
uma fogueira chega
pra eu brincar de novo

De: Alice Ruiz


Foto: Paulo Dutra

sábado, 3 de outubro de 2009

Feitiço






Retratista: Vanusa Babaçu

 
Eu,


Me sinto,


Me vejo,


Como a possessiva atraca,


Diante da palmeira, gigantesca e passiva


Assim me quero perto de ti,


Tão perto, tão perto


Sufoco


Uma pela outra


Anos, anos


Uma nunca sem a outra


Chega-se ingênua


De manso, de leve


 Ataca, afoga


Atraca.


Eu,


Também palmeira


Seduzida, sufocada


Passiva intencionalmente


Incondicional


Vivendo para, e por ti,


Deixando-me tomar conta,


Nunca mais, sem ti.


Eu, palmeira


Eu, atraca


Eu e tu,


Feitiço.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009