quarta-feira, 8 de junho de 2011

FESTA DO DIVINO DE ALCâNTARA COMEÇA NA QUARTA 1 DE JUNHO




fotografia de Mauricio Alexandre




ALCÂNTARA – A primeira cerimônia da Festa do Divino Espírito Santo 2011, em Alcântara, foi realizada nesta quarta-feira, dia 1º. As ruas ficaram lotadas de milhares de pessoas que no início da noite viram a cidade se tornar novamente um império com o levantamento do mastro do mordomo-régio. Como reza a tradição, a cada ano se revezam imperador e imperatriz. Este ano é do imperador Luís Augusto Silva Pinheiro.
Considerada uma das manifestações culturais mais ricas e tradicionais do Maranhão, a Festa do Divino chegou ao Maranhão com a colonização portuguesa. José Maria Pinheiro, mordomo-régio da festa este ano, disse que a função exige uma responsabilidade grande, mas que vale o esforço pela manutenção da tradição local.
“Ao mordomo cabe coordenar a arrecadação de recursos para a festa e sua realização, sendo essa função uma forma de pagamento pelo recebimento de uma graça. Eu me sinto muito honrado, por isso acredito que valia a pena o comprometimento”, disse.
A abertura foi marcada pela passeata e levantamento do mastro no início da tarde ao som das caixeiras, que anunciaram o começo da festa: um tronco de pericurana, com 13 metros de comprimento, enfeitado com murta, foi carregado nos ombros por cerca de 100 homens pelas ruas da cidade histórica. Apesar das diversas ladeiras que formavam o caminho até a Praça da Matriz, onde o mastro é fincado, os carregadores garantiram que a alegria de manter a tradição
lhes dá forças para seguir adiante. “Essa é uma tradição que passa através de gerações. Eu cresci acompanhando a festa, meu tio era carregador e esse é o segundo ano que ajudo a levar o mastro”, contou Rafael Oliveira.
Passeata – Por quase três horas de passeata pelas principais ruas de Alcântara, milhares de pessoas acompanharam o cortejo capitaneadas pelas tradicionais caixeiras do Divino. Das cinco caixeiras que puxavam o cortejo este ano, apenas três eram da cidade. “Lamento o fato de a tradição das caixeiras estar acabando em Alcântara. As meninas não se interessam pela função”, resigna-se dona Marlene Silva, caixeira há mais de 40 anos. Dona Anica Ferreira, 90 anos, é a mais antiga caixeira da cidade. “Com 16 anos comecei a tocar, incentivada por minha mãe”, lembrou.
Ao longo do percurso, oito paradas foram realizadas em frente às casas dos “festeiros” – pessoas que se propõem a receber a visita do mastro e em troca entregar comidas e bebidas aos devotos em homenagem o Divino Espírito Santo. Eusébio Martins, que cresceu acompanhando os cortejos, contou que participar mais ativamente de uma manifestação como essa é sempre uma experiência de fé. “Hoje a festa mudou muito. Tem muita gente que vem só para se divertir, mas quem vive esse momento de fato tem sua fé renovada a cada ano”, garantiu.
O engenheiro ambiental Mário Zago está na cidade a trabalho. Foi a primeira vez que o mineiro, radicado em Sergipe há 10 anos, visitou o Maranhão e disse estar encantando com a beleza da tradição alcantarense. “Minas é uma terra de forte tradição histórica, mas o que vi em Alcântara é inexplicável. Uma experiência cultural única”, afirmou.
Mastro – No início da noite, em um buraco de 2 metros de profundidade, o mastro foi fincado pelos homens de Alcântara que usam a força do braço para manter a força da tradição. “Esse momento grandioso é apenas o começo. O melhor fica para o Domingo de Pentecostes. É a parte mais linda da festa”, anunciou Eusébio Martins.
Relatos históricos dão conta de que moradores da cidade de Alcântara esperaram a visita de Dom Pedro II em meados do século XIX. Eles chegaram a levantar as paredes de dois casarões para hospedar o visitante e sua comitiva. As ruínas dos casarões ainda resistem ao tempo. Já os nobres nunca pisaram no local e até hoje a comunidade tenta reproduzir nas ruas o que não está registrado em nenhum livro de história: a visita do imperador à cidade que tem seu sobrenome.
 Alcântara é o cenário de uma das maiores festas do Divino Espírito Santo do estado, marcada por rituais na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, construída em 1665. Antes disso, esses rituais aconteciam na Igreja do Rosário dos Pretos, no bairro Caravela. É considerada a maior festa do Divino realizada no Maranhão, por constituir um ciclo que dura o ano inteiro, iniciando-se no Domingo de Pentecostes, quando ocorre o ritual da leitura do “Pelouro” e terminando no Domingo de Pentecostes do outro ano no mesmo ritual de leitura do Pelouro da festa seguinte.

]Fonte: IMIRANTE

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