Tive que descobrir o significado da palavra: Miscelânea: mistura de várias coisas; mixordia. (Dic. Michaeelis) para entender o que dizia um de meus alunos da turma de alfabetização de adultos da comunidade que frenquentei por um certo (e bom) tempo. Na teoria eu busquei lá mesmo! No dicionário. Facilitou minha vida, para entender o que dizia o meu velho aluno, de quase 80 anos, evangélico da Assembleia de Deus, que frequentou pontualmente a sala de aula, por mais ou menos seis meses consecutivos. Sempre que as conversas paralelas tomavam conta da sala de aula ele comparava com uma Miscelânea. Lembrando que, os alunos concluiram seus estudos. A palavra Miscelânea, tornou-se comum à todos que ali estudavam. Depois desse episódio já se passaram anos superiores a quantidade de dedos de uma mão só.
Outro dia, fiquei sabendo que receberia em minha casa, uma hóspede e que pouco sabia de Imperatriz. (uma chegante). Querendo eu, ser uma excelente anfitriã levei a nova moradora da casa do quarto azul, cuidei de apresentar a cidade, primeiro lugar visitado: UEMA - Universidade Estadual do Maranhão. Já que tratava-se de uma estudante. Mercadinho Bom Jesus, Beira Rio, Quatro Bocas entre outros. No entanto queria apresentar algo diferente.
Então, faltava aquele velho passeio, em um local bastante inusitado o mercadinho. Sempre levo visitantes por lá, já é quase um ritual de passagem. E logo, no meio do emaranhado de gente, coisas, cachorros, carrinhos empurrados por carregadores, biclicleiteiros (como diz minha amiga Nalda). Tinha até padre naquele espaço social geográfico, sem fala aqui da quantidade de lixo que é gerado durante toda a semana mas sobretudo a cada domingo, por feirantes e fegueses.
O Mercado Vicente Fitz, mais conhecido por Mercadinho, maior centro abastecedor de hortifrutigranjeiros da região tocantina, é um verdadeiro universo paralelo. Esses espaços são réplicas de mercados de pulgas, autênticas feiras de São Joaquim, onde podemos encontrar, não só comida e bebida, como artefatos indígenas, cera de abelha, utensílios domésticos feitos de madeira e alumínio batido, castanhas, sementes, espaço para troca de bicicletas, geladeiras de segunda mão, incensos e coisa-e-tal.http://www.overmundo.com.br/guia/sim-nos-temos-o-mercado-das-pulgas-digo-o-mercadinho.
O Mercado das Pulgas original é o "Marché aux puces" de Saint-Ouen, nos subúrbios do norte de Paris, um grande bazar ao ar livre (um dos quatro existentes em Paris) que recebeu seu nome por causa da venda de vestuário, muitas vezes infestado por pulgas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado_das_Pulgas.
Os odores?
Ah, esses são inconfundivies e dos mais variados possivéis: peixes sendo tratado ali mesmo, espetinho assando e o povo degustando, tem banquinha de panelada pra um bom maranhense que se preze não perder o costume e a banquinha de cuzcuz de arroz e bolo cacete fritinho no azeite de babaçu. Pense numa mistura de cheiros e ainda os cheiros naturais dos suvacos misturados as borrifadas de cigarros, tangirinas, cupu-açu ,. è cheiro ruim e bom que tu se embriagas.
Então, eu queria dizer para a visitante o que era mesmo aquilo. Aí, me veio uma lembrança de uma imagem conhecida, uma saudade de um tempo e de uma palavra: Sim, sim, sim. meu aluno, quase centenário que ia a escola mais para ver outras pessoas do que para aprender algo, já que eu fui quem mais aprendi com ele. Deixou de ir à escola quando ficou viuvo e perdeu o desejo de sair de casa, quis mesmo contnuar a ir somente à igreja. Compreendi, mas me entristeci por saber da falta que ele faria. Minhas lembranças foram invadidas com a imagem do ancião, aquele que me fizera aprender sobre a palavra miscelânea. Como não lembrar da palavra miscelânea? Como lembrar, só por lembrar? Ali sim acontece uma miscelânea no sentido mais literal da palavra.
Era um domingo, dia de pico no mercadinho, e com certo prazer, apresentei, para a minha hóspede européia (com pele e rosto de baiana) um lugar onde as coisas acontecem, onde existe, todas as coisas e todas as vozes são ditas ao mesmo tempo e no mais alto volume emitido pelas centenas de gargantas que disputam OS FREGUESES na força do gogó. Preços diferenciados para a mesma coisa, coisas com nomes de coisas, e coisas sem nome. E que depois do meio dia, o silêncio reina absoluto no espaço mais democrático da cidade "Portal da Amazônia" Imperatriz - MA - Brasil.
Creditos fotos: Fany
Sempre que posso, volto a fazer paseios-compras pelo mercadinho, que de mercadinho não tem nada, é enorme. chego a emagreçer gramas, percorrendo as ruas de cima pra baixo e de baixo pra cima, pechinchando o melhor preço do peixe, do milho em espiga, do doce de buriti, do fumo de rolo, das cabacinhas, do quiabo e da fava. Mas na verdade o que mais me leva ao mercadinho é o cuxá, lá sim, senhor! O cuxá reina. Nossa!!! Tempo de cuxá (safra) é no mercadinho que eu cometo todos os meus pecados.
Os Locatellis, sim. foram incontáveis os nosso dias de passeios e compras fartas, na feira do mercadinho. Resultando em almoços de domigos que se tornaram inesquecíveis.(nossa preferencia de consumo: verduras fresquinhas)
O nome: Mercado Municipal Vicente Fitz
As crianças?
sim.
Elas estão lá, naquele meio chafurdo.
também anunciam suas coisas,
já dominam a arte da conquista dos cliente.
E aí, freguesa vai corante hoje?
Um comentário:
Nossa companheira você conseguiu sintetizar bem, de forma simples e de uma profundida sem arrogancia o que é o cotidiano do mercadinho. Obrigada ainda pela boa recordação de nosso tempo sagrado de andanças por ali. Abraceijos!
Postar um comentário