quinta-feira, 25 de junho de 2009

Coquelandia, avanços e saudosismos



































Um jeito de ce locomover
na velha Estrada do Arroz!



O povoado Coco Redondo permaneceu com esta denominação por muito tempo, uma espécie diferenciada de babaçu que exibiam cocos mais arredondados emprestou o nome para a comunidade. Com o decorrer dos anos e desejo de seus moradores recebe um novo nome: Coquelândia, o novo título com status citadino não implicou na calmaria da comunidade tradicionalmente camponesa, distante 35 km de Imperatriz, e 25km de Cidelândia interligada às duas cidades pela conhecida estrada do Arroz.Em décadas precedentes as grandes plantações de arroz na porção oeste do maranhão, incitaram varias famílias a migrarem para esta região e estabelecerem novas possibilidades econômicas.
As densas florestas de babaçuais possibilitavam a extração das amêndoas por mulheres desta região, que economicamente contribuíam com a renda familiar. As amêndoas eram escoadas para comercialização pela mesma estrada do arroz. Convém lembrar, que algumas famílias, tinham seu sustento garantido exclusivamente com esta atividadeOs avanços tecnológicos e econômicos cooperaram para que uma nova realidade social geográfica da comunidade fosse desenhada, aparente a começar pela paisagem, que anteriormente exibia uma mata fechada sobrecarregada de babaçuais. Atualmente se tornou em grandes extensões de terra coberta de capim para acolher a agropecuária regional.
As cercas das fazendas, os gados no pasto, dificultam de forma considerável a coleta do babaçu para a extração das amêndoas e o cultivo das pequenas roças familiares, também fica inviável. Visto que, a maioria dos camponeses não possui terras para desenvolverem seus trabalhos.Outra alteração concreta destaca-se para as grandes plantações de eucaliptos que estão presente em todo o entorno de Coquelândia, distanciando cada vez mais o cocal dos trabalhadores da comunidade. As plantações de eucalipto estão designadas para alimentar os fornos das grandes siderúrgicas implantadas no município vizinho, Açailândia.Convém sublinhar que, o coco babaçu nesta região tem servido também para alimentar os fornos das siderúrgicas citadas anteriormente, o que deve ser considerado é que o coco babaçu para atender esta demanda é queimado inteiro sem aproveitamento das cascas, mesocarpo e amêndoas.Um grave problema a ser enfrentado pelas quebradeiras de coco desta região, pois na maioria das vezes o proprietário arrenda suas terras para quem vai fazer o carvão, e este por sua vez sendo o dono dos cocos proíbe as quebradeiras de coletarem o babaçu.Coquelandia faz parte da zono rural do município de Imperatriz, que está amparado pela Lei de livre acesso aos babaçuais, desde 1994. No entanto Coquelandia e suas adjacências preferem emudecer quando se toca neste assunto. As coletas de babaçu nestas redondezas acontecem através de apadrinhamento, favores e relações de compadrios e etc. O distanciamento dos cocais, sujeitam as quebradeiras a pagarem fretes para que os cocos fiquem mais acessíveis a elas.
É a Igreja católica, uma construção singular que se destaca e baliza o centro do povoado. A comunidade católica é atendida pelos irmãos missionários do campo, que marcam presença no povoado há mais de 15 anos. A estrutura física do povoado conta com um posto de saúde com atendimento médico e odontológico duas vezes por semana, e para atendimentos simples o posto fica aberto diariamente. Duas escolas da rede municipal de ensino atendem o público do ensino infantil e fundamental. Uma quadra de esporte é bastante utilizada pela juventude, especialmente nas noites de fins de semanas com festas dançantes regadas a muita bebida alcoólica e musicas que infelizmente em nada contribui para construção da cidadania da geração futura.

Um pólo do PETI- Programa de Erradicação do Trabalho Infantil funciona em uma estrutura precária, no entanto oferece uma refeição de qualidade regular. Trezentas moradias que se diferenciam por vários aspectos do tamanho a arquitetura compõem o povoado, casas que exibem modelos contemporâneos e choupanas cobertas com as palhas do babaçu, constroem de forma harmônica a panorâmica da comunidade. Sendo perceptíveis as condições econômicas e sociais de cada família desta comunidade.

Os mais antigos rebuscam em suas memórias lembranças de Coquelandia em tempos passado, quando ainda era Coco Redondo, contam orgulhosamente que até aeroporto já ostentaram, mesmo que não tivesse conhecimento da origem ou destino de tais viajantes. A geração contemporânea acolhe os registros históricos como se ouvissem o contar de lendas, coisas que também não falta no imaginário dos moradores de Coquelandia.O povoado é pacato, as relações de compadrio ainda permanecem nas relações sociais dos moradores, crianças empinam pipas andam de bicicletas, a comunidade católica se reúne e fazem festejos na igreja, os jovens marcam presença nas festas religiosas. No entanto a proximidade com a segunda maior cidade maranhense, a mídia popular, as grandes festas, apresentam para as novas gerações outras probabilidades relativa a se tornarem citadinos.

O êxodo rural na vida dos jovens de Coquelândia tem inicio quando findam o ensino fundamental e desejam continuar seus estudos, para isso ou mudam de vez para Imperatriz ou fazem diariamente uma viagem extremamente cansativa, que ás vezes o percurso de 35 km é feito em até 3 horas. Salientando que a estrada cheia de buracos, pontes quebradas e muita lama nos períodos chuvosos colocam em risco a vida de todos. O ônibus é precário e outro meio de transporte são caminhonetes equipadas com banquinhos, conhecida popularmente com pau de arara. Sem esquecermos-nos de mencionar que os custos elevados das passagens dificultam a continuidade do estudo de uma parcela dos jovens da comunidade.

Entretanto, ao longo das margens da estrada do arroz, existem outras comunidades rurais, que aguardam a construção desta estrada, este assunto é discutido por todas as gerações que sonham e mantém suas esperanças que dias melhores estão por vir. A espera da construção da estrada já conta com décadas de espera.Entre estas, Coquelândia se destaca com um diferencial: A Casa Familiar Rural – CFR. Instituição educacional que emergiu em meados da década de 1990, com o objetivo de encontrar possibilidade dos jovens do campo estudar e ajudarem suas famílias e assim permanecerem por mais tempo no meio de suas comunidades.O publico atendido até 2007 era concernente ao ensino fundamental. Para o ano de 2008 a demanda para ser atendida pela CFR é de jovens que iniciarão o ensino médio. Visto que, na comunidade esta população ficava desatendida. O ensino médio desenvolvido na CFR será integrado ao curso técnico agropecuário, no termino deste curso com a duração de três anos o jovem conclui o curso técnico concomitantemente.A CFR- adota a Pedagogia da Alternância como metodologia de trabalho para o curso direcionado para os jovens camponeses. Pedagogia esta que emergiu na França nas décadas iniciais do século passado. No estado do maranhão a CFR é precursora nesta modalidade de ensino, atualmente no estado já se contabiliza vinte estabelecimento de ensino de CFR.As Casas Familiares Rurais, sobretudo a CFR – Coquelândia preocupa-se em trabalhar educação diferenciada para os jovens e suas famílias, respeitando as particularidades e saberes de cada aluno, no intuito de que o jovem adquira meios de permanecer no campo, contribuindo para o desenvolvimento local sustentável, conjuntamente com a sua família, a comunidade, o entorno e o meio social que está inserido.

3 comentários:

mayron régis disse...

ei menina linda.

Anônimo disse...

Legal sua dedicação a Coquelandia, que pena sua passagem rapida pela CFR.

Vanusa Babaçu disse...

Sempre me dedico a tudo que faço com o mesmo esmero. Minha passagem pela CFR, foi uma experiencia impar. tanto como profissional como no pessoal. Ali eu fui muito feliz. A minha saída da CFR me proporcionou participar de um outro grande projeto que foi coordenar a escola do CENTRU. E lá eu ainda não precisei esconder nada. Obrigada por comentar.