sexta-feira, 14 de maio de 2010

Devolução - Vanusa Babaçu

Enderecei as cartas sem CEP e o correio sem dó, devolveu-me. Talvez assim eu relei-as e encontre os prováveis erros de grafia, já que insisto no velho erro de não notar o ponto final no fim da linha, que tu colocaste no mês de festas carnavalescas. Já se faz chegada a hora. Quanta vezes me dirás? Onde mais ainda escreverás que finalizastes? Que as delongas se fazem desnecessárias. que és mais feliz sem eu?

Se eu fico ao Leo, ou cá, onde mesmo está a diferença para ti? E para o meu pequeno mundo desenhado a lápis de fantasias minhas. Preciso acordar e quem sabe coar o café amargo das ressacas matinais de sábados. Onde esta meu manual de viver sem ti? Esquecestes de deixar comigo. Como farei, se tu não sabes o endereço velho do qual teu amante novo deverá postar, com tua fiança a tal carta prometida.

Não mande os postais, nem desenhe os faróis que alumiam minhas dores. Que dores? Nem sei do que falo, ficarei cá, sem de ti nada saber, mas saberei acordar desse sonho que se faz só meu. Diga-me que nunca viu esse filme de roteiro desconhecido.

Minha pretensão de fumar o último cigarro foi interrompida pela falta do fósforo. Nem sal tinha na cozinha desordenada. Mas, será melhor que eu durma desconhecendo o senhor do meu destino. Por favor, quebre a aliança vulgar e barata que carregas em teu dedo. E arquitete tua vida pautada nas verdades construídas por ti.

E se eu te amo?
Pra que saber?

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