terça-feira, 9 de março de 2010

Em Palmas (TO), mulheres marcham e debatem os impactos do agronegócio

Mais de 800 mulheres da Via Campesina da região Amazônica e outros movimentos populares de Tocantins fazem uma caminhada em comemoração aos 100 anos de instituição do dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Pela manhã, as mulheres marcham na avenida JK em defesa da vida, pelos direitos humanos e pela soberania alimentar.
Neste domingo (7/3), no auditório da Escola de Tempo Integral Padre Josimo, em Palmas (TO), as mulheres debateram os impactos do agronegócio sobre as camponesas.
Compuseram a Mesa de Abertura do evento Simone Silva Pereira e Gilvânia Ferreira da Silva, do MST, Luzia Kassia de Souza, do Movimento de Direitos Humanos do Estado do Tocantins (MEDH), Shirley Andrade, professora de Direito da Universidade Federal do Tocantins (UFT), e Maria Dos Anjos da Silva, conhecida como Maria da Ilha, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
A primeira explanação, da professora Shirley Andrade, apresentou as últimas alterações da Lista Suja do Trabalho Escravo, documento em que estão enumerados os empreendimentos com constatação de uso de mão de obra escrava. Ela destacou que as regiões Norte e Centro-Oeste lideram os números de Trabalho Escravo no campo. A professora de Direito explicou que o crescimento do trabalho escravo é um reflexo do fortalecimento e ampliação do agronegócio. Segundo ela, “o agronegócio precisa do trabalho escravo para garantir o seu lucro”.
Já a ribeirinha Maria da Ilha falou sobre a violência do impacto das hidrelétricas na vida das mulheres. Para ela, a usina que está sendo construída em Estreito (MA) trouxe a expulsão das mulheres e suas famílias de suas terras e casas. Ela disse que a empresa, responsável pela obra, está desmatando, poluindo, matando os peixes. Em virtude dessa realidade de conflito, ela informou que os ribeirinhos e camponeses estão acampadas em frente ao canteiro de obras da barragem, em Estreito, há oito meses. De acordo com Maria, é uma ação de protesto e busca de reconhecimento dos seus direitos.
Posteriormente, Gilvânia relatou como os grupos econômicos dominam as terras cultiváveis para a implantação dos projetos do agronegócio. Ela afirmou que o agronegócio produz para a exportação, para acumular riqueza e poder, além de gerar violência e a super exploração das mulheres trabalhadoras. “É necessário analisarmos que temos um novo latifúndio, cada vez mais articulado com o capital financeiro internacional”, alertou.
Mística
A mística de abertura da Jornada de Luta trouxe uma reflexão sobre as diversas formas de violência que as mulheres sofrem e os desafios que enfrentam na luta popular. Também abordou sobre os prejuízos do agronegócio para o campo. Muitas mulheres lutadoras foram lembradas, como Dorothy Stang, Rosa Luxemburgo, Alexandra Kolontai, Pagú, Olga Benário e Frida Kahlo.

http://www.mst.org.br/node/9230

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