sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Pesquisa registra a labuta de famílias que vivem de atividades extrativistas

Pesquisa registra a labuta de famílias que vivem de atividades extrativistas

 











A fotógrafa e pedagoga Vanusa Babaçu abriu a porta de sua casa-oficina ao Correio Popular para falar sobre um dos seus projetos, o Inventário Histórico-Social de Trabalhadores Agroextrativistas da Reserva Extrativista de Ciriaco, em Cidelândia, Maranhão. O projeto foi apresentado ao Programa Mais Cultura Microprojetos – Amazônia Legal, e aprovado pelo Ministério da Cultura.
A idéia foi registrar o cotidiano dos moradores, na quebra do coco, no trabalho da roça, nas festas religiosas, os momentos de lazer e os costumes que formam a identidade cultural da população tradicional. Tudo isso capturado em fotografias para servir como registro histórico para a própria comunidade e como fonte de pesquisas para escolas, universidades e a quem mais interessar. “O objetivo é contar a história deles através de uma cartilha montada com fotografias e depoimentos dos moradores”, explica a pesquisadora.
Vanusa está envolvida no desenvolvimento de um projeto idêntico, realizado no povoado Pifeiros, em Amarante do Maranhão, sob a responsabilidade da amiga Maria José Lopes Barros. Pifeiros está em um município que recebeu notoriedade nacional pelo grande foco de desmatamento. Lá residem 54 famílias das quais, segundo dados do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco, MIQCB, cinquenta e uma sobrevivem da quebra do coco babaçu. Essa atividade se desenvolve no interior das comunidades rurais do Maranhão como complemento da renda familiar. Os jovens participam ativamente dessa tarefa, que começa na infância e acaba por ser executada durante toda a vida. “É um trabalho interessante. Os mais velhos contam coisas que a maioria da comunidade não sabe. Os mais novos se encarregam de colher os depoimentos e escrever, e nós ficamos orientando para depois revisar”, diz Vanusa.
Para realizar o trabalho, as pesquisadoras precisam passar dias visitando a comunidade e convivendo com os moradores em busca do momento certo do registro. Vanusa Babaçu garante que “o resultado é gratificante”. Quantos as dificuldades? A maior delas é o tempo de espera entre o envio do projeto ao Ministério da Cultura e a chegada dos recursos. O projeto do Estudo sobre Pifeiros foi enviado em junho do ano passado, aprovado em outubro e a verba, R$ 13 mil, só chegou em abril de 2011. Elas precisam correr contra o tempo para finalizar o trabalho até o prazo determinado pelo Governo Federal, outubro desse ano. Enquanto isso, fotos e mais fotos.

Hemerson Pinto

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