quarta-feira, 19 de janeiro de 2011


Coco Redondo!???

Sim!!!!!

Belas paisagens de antigos babaçuais da região da Estrada do Arroz.

Coco redondo, sim.
Uma espécie de babaçuais frequente nesta região das terras de cocais. Deram-te o nome.

No meio do longe, empoeirado!

Está lá fincada, nossa agora "Coquelandia"

Os que agora  nascem por cá, nem te lembram como Coco Redondo, agora tens status citadino!

Status? Só de nome!

Continuas campesina como antes.

Mesmo quando teus jovens se exibem em calças de muitos bolsos.

Geograficamente nada mudou! Nada mudou? Minto agora.

Teus babaçuais, transformam-se em fileiras certinhas de eucaliptos!

Teu inicio? Lá nos meados do século passado.

Teu povo? Ah! teu povo, povo tranquilo, povo feliz!

Povo de Coco Redondo, povo de Coquelandia!

Antigo, Coco Redondo de muitas Quebradeiras de coco babaçu.

Nova, Coquelandia de poucas Quebradeiras de coco babaçu!

Coco Redondo de carbonizadores de coco inteiro, para esquentar fornos do progresso.

Coco Redondo de cocos agora não tão redondos, nem tão fartos.

Coco Redondo de tempos saudosos!



Coquelandia, antes conhecida como coco redondo, é uma das 14 comunidades rurais encravadas ao longo da “VELHA ESTRADA DO ARROZ” Estrada de chão batido que interliga os municípios de Imperatriz e Cidelândia, no inverno lama no verão nuvem de poeiras cobre e colore pele e cabelo dos seus caminhantes.

 Muito da modernidade já chegou á essas comunidades, no entanto a forma de trabalhar para muitos ainda sucede de  forma bem tradicional, é o caso da quebra de coco babaçu, atividade que ocupa muito do tempo das mulheres e ajudam no sustento das famílias daquelas localidades. Alcançar o babaçu tem ficado cada vez mais difícil, haja vista que outras culturas vêm se integrando a essa região que já foi destaque na economia nacional como uma das maiores produtoras de arroz, o que justifica inclusive a alcunha que a estrada recebeu. Atualmente se fossemos dar outro nome, caberia a meu ver: ESTRADA DO ESQUECIMENTO. O asfaltamento dos seus 76 km é um sonho de todos que trafegam diariamente por essa via.

 A complementação da renda através da quebra do babaçu induz á essas mulheres que se organizem em pequenos grupos para adentrarem as matas dos cocais, que sempre ofereceu perigos e estando em coletivos ajudam-se mutuamente. Partilhando desde suas alegrias a todas as mazelas sofridas no dia-a-dia. Essa vida coletiva, partilhada se transpõe dos cocais á vida social: A igreja, escola, festividades na comunidade, relações de compadrios, entre outros.

Na comunidade de Coquelândia, resiste um grupo de mulheres, algumas ligadas por laços consanguíneos, outras só a relação de camaradagem, vizinhança. São quebradeiras de coco babaçu, tradicionais juntam-se em grupo, adentram as matas de cocais, juntam o coco, quebram, fazem carvão das cascas, tudo partilhado solidariamente.

Brasil Local em Coquelandia

No entanto, quando são indagadas sobre Economia Solidaria, as respostas são as mais variadas, incluindo aquelas que respondem nunca terem ouvido falar no assunto.  É desse pressuposto, que a presença do Brasil Local, faz-se necessário para acompanhar o referido grupo de mulheres esclarecendo sobre essa forma de fazer economia, que as mesmas já fazem, mesmo sem terem noção de que isso é sim economia solidaria e qual sua importância para a permanência e sobrevivência do coletivo em meio a um cenário econômico tão restrito no Brasil, onde muitos estão a serviço de poucos, e o fazem por não terem conhecimentos de possíveis alternativas.

Nas oficinas é perceptível que as mulheres estão curiosas, participativas, questionadoras, elementos que contribuem significativamente para uma dinâmica que resultará  engajamento social de todas e quem sabe juntas encontrarem reposta para a construção de um modelo próprio de fortalecimento e  resistência  do modo de viver, de pensar e de agir dessas pessoas que o que sonham é conservar-se em seus lugares de origem, e serem respeitadas e valorizadas como cidadãs com deveres a cumprir e sobretudo com direitos a serem respeitados.

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