quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Ciriaco na Foto


NOSSA MOSTRA - POLEMIZANDO E ASSOPRANDO BRASAS

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Interesses econômicos ajudam a destruir os babaçuais

Segundo o analista ambiental Jagno Nepomuceno, a queima do coco in natura é incentivada por empresas que necessitam de carvão.
Redação

Após o “Qual é a bronca?” de sexta-feira (30), onde foi registrado a denuncia da moradora Claudeane sobre a queima de coco babaçu verde na Reserva Extrativista do Ciriaco, povoado do município de Cidelândia-MA, procuramos o Instituto Chico Mendes e fomos informados que o caso é ainda mais grave. Segundo o analista ambiental Jagno Nepomuceno, a queima do coco in natura (verde e inteiro: amêndoa, casca e outros componentes) é incentivada por empresas que necessitam de carvão. “As siderúrgicas pressionam para que as pessoas façam carvão do coco inteiro, chegam a oferecer estrutura para a preparação e em alguns casos pagam até adiantado pelo serviço”.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ICMBIO, (Ministério do Meio Ambiente) é uma Autarquia Federal criada em 2007 pela Lei 11.516, e é responsável pela criação e gestão das Unidades de Conservação, as Reservas Ambientais, mais 310 em todo o país. O Núcleo de Gestão Integrado de Imperatriz responde por três Reservas Extrativistas, a de Ciriaco, a de Mata Grande e a do Extremo Norte do Tocantins. 

Dentro dessas áreas o órgão tem poder de polícia ambiental com força para executar punições por crimes contra o meio ambiente, mas, no caso da fabricação de carvão a partir do coco verde e inteiro, no Ciriaco, o órgão perde forças por não haver no Maranhão uma legislação estadual que garanta o combate a esse tipo de ação, como há no vizinho Tocantins. “Ficamos em uma situação que podemos chamar de ‘mãos atadas’”, lamenta Jagno.

Ele comentou que as pessoas apostam na produção do carvão com o coco in natura porque vêem uma maneira mais fácil de ganhar dinheiro. “Tem gente que antes, quebrando coco, andava de jumento. Hoje, queimando para fazer carvão, tem moto, antena parabólica. Já que não podemos atuar com uma fiscalização, por falta de uma lei estadual, precisamos encontrar uma forma de conscientizar essas pessoas e ao mesmo tempo oferecer alternativas de geração de renda a partir do mesmo produto (coco)”, explica o analista.

A ideia foi comprar uma máquina capaz de extrair do coco babaçu o óleo 100% orgânico, impróprio para consumo e muito utilizado por indústrias de cosméticos. O objetivo é montar na Reserva do Ciriaco uma usina de extração desse óleo, “diferente, aquecido em uma caldeira e depois colocado em um prensa de óleo. É fabricar esse produto e vender para a Alemanha através de uma empresa situada em Belém-PA”. Seria dar à essas pessoas a oportunidade de continuar ganhando dinheiro sem prejudicarem outras famílias que precisam do coco para quebrar, retirar componentes para o artesanato, a fabricação de azeite e outros 64 produtos oriundos do coco babaçu. A máquina que executa esse tipo de serviço já se encontra no Ciriaco, faltando apenas uma parte para que a mesma possa funcionar por completo. Enquanto isso, a venda do carvão continua acessa.


Jagno Nepomuceno diz que o carvão do babaçu é cobiçado pelas siderúrgicas por que essas empresas dependem de um produto eficiente para a regulação da temperatura dos fornos que os fazem funcionar. Essa eficiência é encontrada justamente nos componentes do babaçu.

Hemerson Pinto

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